Lembra-se do vosso primeiro dia de trabalho?
Que idade tinham?
Que obrigações passaram a ter?
Quão estranho isso foi?
Quão dificil foi a adaptação a uma ou várias equipas que partilhavam o mesmo espaço convosco?
E a quantidade de informação a reter?
E as avaliações?
E os clientes ou doentes que tiveram que enfrentar e superar até à última palavra?
As noites mal dormidas, os pensamentos adjacentes a algo que se aplica no nosso ego e nos faz trabalhar dia e noite e que se resume apenas a stress psicológico, a stress decalcado no nosso cérebro, a pressão que nos coloca encostados à parede e que nos obriga a viver a noite e deixar fluir o dia-a-dia.
Quem mais importante do que nós para lidar com todos estes problemas, sim, são problemas, são entraves ao desenvolvimento pessoal, são situações dolorosas mas que fazem parte de algo denominado: vida.
Lembram-se da primeira vez que se sentaram atrás de uma secretária a atender alguém?
A primeira vez que atenderam um cliente numa loja, num café, num restaurante, num bar?
Aquela vez em que alguém rude e arrogante vos espésinhou até não poder mais, sem ter qualquer razão, mas que serviu de lição para, de futuro, saberem lidar com mais animais da mesma espécie?
Aí está a prova de que todo este sistema global denominado de "civilização" pouco tem de civilizado, pois grande parte destes seres andantes não passam de meros transportadores de mau estar, de má formação, de geradores de conflitos, de destabilizadores, de pinóquios em carne e osso, capazes de mentir e de ferir quem o bem quer fazer.
E mais, lembram-se do vosso esforço?
Lembram-se do vosso empenho?
Lembram-se dos conflitos entre colegas, iniciados por invejas, maus feitios, ruindade, grupos organizados de exclusão?
E aqueles casos em que as palavras são sempre mais valiosas para a boca dos "chatistas" do que propriamente os factos reais? Aquelas palavras que de verdade pouco têm, mas que não deixam de ser uma grande vitoria alcançada por quem as valoriza e que se acha capaz de derrubar quem quer.
Pois é, passamos anos e anos da nossa vida a saltar de poleiro em poleiro e onde acabamos? A comer do pão que o diabo amassou!
Passamos anos e anos à procura do que mais nos convém, pondo em risco a nossa própria estabilidade, seja económica, social, familiar... E o que ganhamos com isso? Pão que o diabo voltou a amassar!
Continuamos a querer mais e mais, dia após dia, minuto após minuto, surpreendemos, marcamos pela diferença, demonstramos o nosso empenho, a nossa dedicação, o nosso esforço e, por fim, a nossa evolução! E em que ponto ficamos? No da cozedura do dito pão feito pelo diabo... Um pão que dura e dura o resto da vida e que um dia, tal como todos, acaba por endurecer e se tornar impróprio para consumo... Isso traduzido para a vida real somos nós na velhice.
Quantos estalos mais teremos nós de levar para acordarmos de uma vez por todas?
Quais as mudanças que teremos de fazer em nós próprios para agradarmos os outros?
Quem são os outros para exigirem que deixemos de ser quem somos para passarmos a ser quem eles querem que sejamos?
Basta de papéis fictícios.
Basta de nos amurdaçarem como se fossemos papas de pão.
Basta de brincarem connosco como se fossemos peças de lego.
Basta.
Sim, basta abrirmos os olhos e tornarmo-nos mais exigentes connosco, em vez de sermos apenas um passarmos a valer por três, acreditarmos que somos tanto quanto quem está no topo ou melhor ainda, aceitarmos um golpe no braço como uma marca motivadora para as vitórias da vida, desejarmos o que queremos e ganharmos o que menos esperamos: o respeito! a lealdade! a confiança!
Mas também... Não há que ter medo da realidade ou desejar o que não é nosso. Sempre se disse: quanto mais sobes, maior será a queda. Por isso, meus caros, façam algo pela vida já que ela não faz nada por vocês e não exijam obter algo que talvez não estejam à altura de suportar. Se assim for, o momento certo chegará. Até lá, divirtam-se e vejam mais uma fase da vossa vida passar-vos à frente.