sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Um Pequeno Grão


Lá longe...
Onde tudo começa e nada acontece,
surge um pequeno grão.
Um grão que vem revolucionar aquele lugar.
Lugar de calma,
lugar de serenidade,
lugar de tranquilidade,
lugar onde quem lá vive para lá quer voltar.

Mas...
Que se passa com esse grão?
Que tem ele de tão especial?
Ou será de diferente?

Ora vejamos!

Tudo começa num tempo de chuva.
Céu negro amarelado,
iluminado pela luz dos relâmpagos
que se fazem acompanhar dos seus fiéis companheiros trovões.
Chuva e mais chuva.
Água pura e lípida
que alimenta o pequeno grão,
que o ajudará a crescer,
a tornar-se em algo forte,
estrondoso,
capaz de sobreviver a qualquer tempestade.

Tudo acaba com o brilhar do sol,
céu limpo, azul,
iluminado pelos seus raios,
fortes, quentes,
que transmitem energia e capacidade
para aguentar e viver mais e mais.

Tudo continua, assim, naquele lugar distante onde tudo começa e nada acontece.

Inimigo actual,
o vento faz-se sentir.
Sopra descontrolado, desvairado,
como se todos lhe tivessem feito mal.
Avistam-se folhas por todo o lado,
tempestades, assobios desordenados e,
pelo meio e de forma discreta, um pequeno grão.

Com tanta violência junta nem sempre se resiste.
O pequeno grão embateu contra um muro,
deitado no chão, doloroso e triste,
olha ao seu redor, um mar de destruição,
uma ferida visível em cada foco do seu olhar,
um tormento sentido em cada passo que irá dar.
Fraqueza, um estado.
Desistência, uma opção.
Indecisão, uma certeza.

Após ter atravessado tanta pressão,
eis que chegado a outra margem, a outra estação,
um encontro inesperado entre ele e um outro grão.
Resultado: uma paixão!

Dados os primeiros passos,
trocadas as primeiras palavras,
nenhum dos dois se sentiu incomodado e envolveram-se as almas.
Numa troca de carícias sufocante,
ambas as almas relaxantes,
tentaram encontrar a paz que outrora deixaram para trás.
Mil e uma palavras se dizem,
mil e duas se confundem,
por mais que um grão tente considerar-se como gente,
ninguém lhes promete o que jamais não se consegue,
ninguém lhes tira o que jamais lhes foi dado,
ninguém os engana como jamais algum ser foi enganado.

Um pequeno grão,
alimentado pela história,
sobrevive à ilusão de afinal não passar de algo denomidado: "coração".


[Fica no ar o mistério. Que os vossos comentários sejam o desvendar desta pequena história, a qual espero que tenham percebido.]

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Uma Carga de Trabalhos


Lembra-se do vosso primeiro dia de trabalho?
Que idade tinham?
Que obrigações passaram a ter?
Quão estranho isso foi?
Quão dificil foi a adaptação a uma ou várias equipas que partilhavam o mesmo espaço convosco?
E a quantidade de informação a reter?
E as avaliações?
E os clientes ou doentes que tiveram que enfrentar e superar até à última palavra?
As noites mal dormidas, os pensamentos adjacentes a algo que se aplica no nosso ego e nos faz trabalhar dia e noite e que se resume apenas a stress psicológico, a stress decalcado no nosso cérebro, a pressão que nos coloca encostados à parede e que nos obriga a viver a noite e deixar fluir o dia-a-dia.

Quem mais importante do que nós para lidar com todos estes problemas, sim, são problemas, são entraves ao desenvolvimento pessoal, são situações dolorosas mas que fazem parte de algo denominado: vida.

Lembram-se da primeira vez que se sentaram atrás de uma secretária a atender alguém?
A primeira vez que atenderam um cliente numa loja, num café, num restaurante, num bar?
Aquela vez em que alguém rude e arrogante vos espésinhou até não poder mais, sem ter qualquer razão, mas que serviu de lição para, de futuro, saberem lidar com mais animais da mesma espécie?

Aí está a prova de que todo este sistema global denominado de "civilização" pouco tem de civilizado, pois grande parte destes seres andantes não passam de meros transportadores de mau estar, de má formação, de geradores de conflitos, de destabilizadores, de pinóquios em carne e osso, capazes de mentir e de ferir quem o bem quer fazer.

E mais, lembram-se do vosso esforço?
Lembram-se do vosso empenho?
Lembram-se dos conflitos entre colegas, iniciados por invejas, maus feitios, ruindade, grupos organizados de exclusão?
E aqueles casos em que as palavras são sempre mais valiosas para a boca dos "chatistas" do que propriamente os factos reais? Aquelas palavras que de verdade pouco têm, mas que não deixam de ser uma grande vitoria alcançada por quem as valoriza e que se acha capaz de derrubar quem quer.

Pois é, passamos anos e anos da nossa vida a saltar de poleiro em poleiro e onde acabamos? A comer do pão que o diabo amassou!
Passamos anos e anos à procura do que mais nos convém, pondo em risco a nossa própria estabilidade, seja económica, social, familiar... E o que ganhamos com isso? Pão que o diabo voltou a amassar!
Continuamos a querer mais e mais, dia após dia, minuto após minuto, surpreendemos, marcamos pela diferença, demonstramos o nosso empenho, a nossa dedicação, o nosso esforço e, por fim, a nossa evolução! E em que ponto ficamos? No da cozedura do dito pão feito pelo diabo... Um pão que dura e dura o resto da vida e que um dia, tal como todos, acaba por endurecer e se tornar impróprio para consumo... Isso traduzido para a vida real somos nós na velhice.

Quantos estalos mais teremos nós de levar para acordarmos de uma vez por todas?
Quais as mudanças que teremos de fazer em nós próprios para agradarmos os outros?
Quem são os outros para exigirem que deixemos de ser quem somos para passarmos a ser quem eles querem que sejamos?

Basta de papéis fictícios.
Basta de nos amurdaçarem como se fossemos papas de pão.
Basta de brincarem connosco como se fossemos peças de lego.
Basta.

Sim, basta abrirmos os olhos e tornarmo-nos mais exigentes connosco, em vez de sermos apenas um passarmos a valer por três, acreditarmos que somos tanto quanto quem está no topo ou melhor ainda, aceitarmos um golpe no braço como uma marca motivadora para as vitórias da vida, desejarmos o que queremos e ganharmos o que menos esperamos: o respeito! a lealdade! a confiança!

Mas também... Não há que ter medo da realidade ou desejar o que não é nosso. Sempre se disse: quanto mais sobes, maior será a queda. Por isso, meus caros, façam algo pela vida já que ela não faz nada por vocês e não exijam obter algo que talvez não estejam à altura de suportar. Se assim for, o momento certo chegará. Até lá, divirtam-se e vejam mais uma fase da vossa vida passar-vos à frente.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

As Respostas


Esta noite vou sair.
Vou visitar um lugar bem dentro da minha mente.
Devagar, fecho os meus olhos.
Devagar, vou caminhando.
Aqui sei que vou ficar bem!

Vou andando, pois sei que alguém há-de aparecer. Alguém há-de guiar o meu caminho.
Por favor, alguém guie o meu caminho!!
Alguém me leve a esse lugar, no qual terei as respostas que preciso saber...

Por quem eu vou viver??
Por quem eu vou morrer??
Por quem vais tu lutar??
Eu não posso responder!!

Ao longo da minha vida, amar é... o conjunto de todo o meu amor!
Toda a minha vida, amar é isso e eu sei que esta é uma vida única...
Lá de cima ouço um sinal... Um sinal que me deixa entorpecido...
Wow, estou vivo... E sei que estou bem perto daquele lugar...
Mas digam-me, por favorrr...

Por quem eu vou viver?
Por quem eu vou morrer?
Por quem vais tu lutar?
Sinceramente, eu não posso responder!!

Cada um de nós tem a sua vida... E cada vida tem os seus problemas...
Mas é neste lugar, sim, neste lugar, que eu quero ficar.
Disse adeus a todos os meus problemas pois aqui eles não entram, apenas eu e as respostas que preciso de saber...

Um lugar onde eu possa viver!!
Um lugar onde eu possa morrer!!
Um lugar onde ninguém tenha que lutar por mim!!

domingo, 3 de janeiro de 2010

Coração Esmagado


Chegada a hora, todos se viram e sorriram.
Cumprimentos, alegria.
"Há quanto tempo agente não se via".

Separados por um "olá" à distância,
para quê tanta ganância?
Terá alguma razão?
Ou será tudo mera ilusão?

Sentados para jantar,
cada qual toma o seu lugar!
Tlim do garfo, Tlim da faca,
Plim de um brilho nos olhos!
Será de desconfiar?
Será que estou a delirar?
Não me agravo, ainda não bebi e já me sinto de ressaca!

Por entre cores te despes, criando pretos e brancos naquilo que vestes.
Um olhar desviado, o teu, tão doce e quiçá apaixonado.
Um olhar sentido, o meu, mas será sofrido?
Sem pouco mais para fazer e um longo percurso a percorrer,
de braço ao ombro se caminha, uma vez, duas vezes, toda a noitinha!!

Debaixo da chuva se vai caminhando,
se vai pisando esta água pura que tanto nos vai ajudando.
Mas parece que a pressa é pouca!
Os segredos, esses, são muitos..
Um virar de costas para tudo o que se vê,
para tudo o que se sussurra, para tudo o que se crê,
mas que jamais alguém recusa!

Já agora, com tanta palavra na boca, será que a minha cabeça está louca?

Chegados ao local, naquela noite fria,
uma multidão de gente parada e em plena euforia!
Por entre risos e cantares, se vai partilhando a emoção,
marcar de novo estes lugares como sendo algo de um "dia não"...

Pum!!!

No ar explode alegria, cor, sentimento, paixão..
Em terra acumula-se a minha fúria, dôr, sofrimento e surge uma questão...

Será uma pequena verdade, aquela que me esmaga o coração?